Com tantos jogos sendo refeitos/remasterizados nos últimos anos, ultimamente eu passei a desejar uma coletânea da série Castlevania e antes mesmo que eu pudesse imaginar, a Konami resolveu atender o meu pedido. Com versões para PC, Nintendo Switch, PlayStation 4 e Xbox One, Castlevania Anniversary Collection traz oito dos primeiros capítulos de uma das franquias mais adoradas da indústria e só por isso já mereceria a nossa atenção.
Mas antes de entrar nos detalhes desta coletânea, confira a lista de títulos que você encontrará nela:
- Castlevania (NES, 1986)
- Castlevania II (NES, 1987)
- Castlevania III (NES, 1989)
- Castlevania: The Adventure (Game Boy, 1989)
- Kid Dracula (NES, 1990)
- Super Castlevania IV (SNES, 1991)
- Castlevania II: Belmont’s Revenge (Game Boy, 1991)
- Castlevania: Bloodlines (Mega Drive, 1994)
Ao falar dos jogos inclusos, não há como ignorar aqueles que poderiam estar no pacote. É claro que o ideal seria termos todos os títulos, mas já era de se imaginar que a editora não deveria trazer nada lançado depois do Symphony of the Night, que serviu como uma divisor de águas para a franquia. Ainda assim, acredito que o Rondo of Blood e o Dracula X poderiam ter sido incluídos, mesmo com o primeiro tendo aparecido recentemente no PlayStation 4 através do Castlevania Requiem.
Agora, como justificar a falta do Vampire Killer e do Haunted Castle? Mesmo ambos funcionando como variações do título que deu início à série, seria interessante dar às pessoas a oportunidade de jogá-los e por isso lamento muito quando as empresas parecem fazer questão de ignorar suas próprias histórias.
Quanto a todos os outros Catlevanias, é provável que cedo ou tarde a Konami lance uma nova compilação, quando então teremos (assim espero) a oportunidade de jogar novamente diversos ótimos títulos que apareceram no Game Boy Advance e DS.
As joias raras
Quanto aos jogos presentes na Castlevania Anniversary Collection, os grandes destaques sem dúvida são o Kid Dracula e o Castlevania: Bloodlines. Enquanto o primeiro nunca tinha sido lançado oficialmente no ocidente, o segundo é um jogo que até agora havia permanecido exclusivo do Mega Drive.
No caso do jogo para o Nintendinho, ele funciona como um spin-off, com todo o estilo visual pendendo para o lado infantil e com o jogador assumindo o controle de um Dracula fofinho e que precisa derrotar versões cartunizadas do tradicionais monstros da série. Com uma dificuldade um pouco abaixo do que temos nos outros capítulos e uma pegada menos sombria, o jogo pode não agradar a todos, mas serve pela curiosidade.
Já o Bloodlines figura facilmente entre os melhores Castlevanias pré-Symphony of the Night. Com gráficos muito bonitos, dois personagens selecionáveis e um enredo situado na época da Primeira Guerra Mundial, o jogo foi por muito tempo motivo de orgulho para quem tinha um Mega Drive e ter a possibilidade de jogá-lo novamente me deixa muito feliz.
Os jogos para Game Boy
Outro aspecto que merece destaque nesta coleção são os títulos lançados originalmente para Game Boy, tanto para o bem quanto para o mal. Pelo lado negativo temos o Castlevania: The Adventure, jogo que assim como no original conta com uma sofrível taxa de atualização de frames. Na verdade, o game é tão lento que encará-lo hoje em dia é quase uma tortura e por mais que eu entenda que a M2 (estúdio responsável pela emulação) tenha preferido deixar os jogos os mais fiéis possível aos originais, eu adoraria poder jogar uma versão mais fluída desse jogo.
Também seria interessante se a coletânea trouxesse o Castlevania: The Adventure ReBirth, remasterização lançada em 2009 para o Wii e que também foi feita pela M2. Esta seria uma maneira muito melhor de conhecer aquele tecnicamente péssimo jogo criado para o antigo portátil da Nintendo, mas novamente os envolvidos ignoraram essa parte da franquia.
Porém, existem pontos a serem elogiados em relação ao Castlevania: The Adventure e o Castlevania II: Belmont’s Revenge. O primeiro deles é que podemos escolher entre três estilo de cores para encará-los: preto e branco, tons de sépia (Super Game Boy) e tons de verdes, assim como era a tela daquele videogame. Além disso, o segundo jogo roda de maneira muito mais agradável, o que mostra o quanto a Konami conseguiu explorar melhor o Game Boy naquela época.
“What a horrible night to have a curse”
Se tivesse que descrever os recursos e extras do Castlevania Anniversary Collection em apenas uma palavra, acho que eu usaria espartano. Na parte de configurações teremos acesso apenas a duas molduras e a alterar a proporção da tela, deixando em 4:3, pixel perfect ou widescreen (com a imagem obviamente esticada). Também podemos adicionar linhas que imitam as TVs de tubo e infelizmente não será possível reconfigurar os controles.
Outro detalhe que incomoda é o fato de, embora podermos salvar o progresso a qualquer momento, cada título só contar com um espaço para save. Por se tratarem de jogos tão difíceis, seriam muito bom podermos criar diversos pontos de retorno e isso se mostra ainda mais crítico no caso do Castlevania III, já que a aventura conta com diversos caminhos que podem ser seguidos.
Já na parte de extras a Konami incluiu um livro digital com bastante conteúdo que deverá agradar os fãs. Nele há uma entrevista com a compositora do Bloodlines, artes-conceituais, rascunhos e diversos documentos de design. O problema é que navegar por este tipo de material pela TV é pouco prático e seria fantástico se a coletânea tivesse sido lançada fisicamente, com o livro vindo na caixa.
Eu também lamento o fato de o Castlevania Anniversary Collection não contar com um player de música. A franquia sempre foi conhecida como uma das com as melhores trilhas sonoras da indústria e não ter a opção de ouvir as muitas ótimas músicas desses jogos acaba sendo um verdadeiro sacrilégio.
Ainda assim obrigatório
Mesmo com seus problemas, a Castlevania Anniversary Collection conta com jogos tão bons que merece ser jogadA tanto pelos antigos fãs quanto por aqueles que não conhecem esta fantástica franquia. O simples fato dela trazer o Kid Dracula e o Bloodlines já serve para justificar a sua existência e por mais que eu tenhA sentido a ausência de alguns títulos, o trabalho realizado pela M2 acaba compensando a escassez de extras — por mais que a precisão na emulação mantenha os problemas de alguns jogos.
Ir conhecendo cada jogo na ordem dos seus lançamentos é fazer uma viagem no tempo, nos permitindo perceber como a série foi evoluindo e e melhorando em alguns aspectos. Além disso, como a Konami prometeu disponibilizar gratuitamente as versões japonesas de tais games, em breve a coletânea deverá se tornar mais interessante do que já é.
Eu só queria entender porque diabos sou obrigado a mudar a língua do meu Xbox One para poder aproveitar a Castlevania Anniversary Collection em inglês, já que se o deixar em português, todos os menus e textos dos jogos serão mostrados em… Japonês! Espero que uma atualização corrija isso, pois foi a primeira vez que vi uma falha tão bizarra (e primária) no console.